E aconteceu o que algumas mamães tinham me avisado que aconteceria.... voltei da licença maternidade e não consigo me encontrar no trabalho. Na verdade, NESTE, trabalho. O clima no escritório já não estava lá grandes coisas antes da minha licença, a vontade de procurar outro emprego já exisita e só fiquei porque não queria perder os direitos que eu tinha como gestante e no pós-parto.
Durante a licença maternidade eu aproveitei cada segundo com a minha bebê. Me diverti muito, saia com ela, viajamos, comecei novos projetos pessoais, e estava muito feliz da vida. Sabia que a farra chegaria ao fim, e que teria que voltar para um lugar onde eu já estava descontente. Veio a dúvida: paro de trabalhar? Continuo a trabalhar mas em ourto lugar? Fico nesse emprego e aproveito as horas que eles me dão para sair cedo e ficar com a pequena.
Agora, um mês de volta a este hospício, cheguei a conclusão: não dá para parar de trabalhar (não estamos podendo) e também não dá mais para continuar aqui. A diferença é que se antes eu saltava na primeira oportunidade de fazer algo novo, agora com a Lee na equação tudo ganha uma nova perspectiva.
Vivo o dilema de toda mãe que trabalha fora de casa: Dinheiro x Tempo x Custo de vida x Vida em família. Como conciliar? Como encontrar o equilibrio? E não só isso, como mulher temos que trabalhar o dobro para provar que somos capazes, eficazes e tão profissionais quantos os homens. Como fazer quando a sociedade não evoluiu com o tempo?
Por um lado preciso trabalhar, por outro preciso cuidar da familia. Algo muito interessante aconteceu esses dias. Aqui em Israel a páscoa é semana que vem. Apesar de ser feriado para as escolas e creches, são dias de trabalho normal para adultos responsáveis como nós. O seguinte cenário se apresentou: como vamos fazer com a bebê? Não tem ninguém perto para ajudar, e pagar babá full time esta fora de cogitação.
Meu marido - uma pessoa mente aberta, sensível - vira e me pergunta se tem como eu trabalhar de casa. Levei o pedido ao todo-poderoso chefe e depois de MUITA negociação, consegui trabalhar de casa UM misero dia. Porém, melhor que nada...
- Amor, olha consegui um dia só. Vê o que você consegue por ai.
- Consegui um dia só... não tem como você conseguir mais um dia? -- Ele me responde depois de 15 MINUTOS! Eu levei 4 DIAS negociando com meu chefe, ele conseguiu em 15 minutos!
Ora, por que seria mais fácil para mim conseguir mais dias livres do que ele? E se essa é a lógica, como é que ele conseguiu uma resposta mais rápido do que eu? Fiz essas duas mesmíssimas perguntas a ele que ficou mudo. Não sabia a resposta, até que arriscou um "Ah! Porque você é mãe!". O Machismo afeta os dois lados da moeda, então meu esposo tem menos chances de conseguir dias livres porque "filho precisa da mãe mais do que do pai".
Ao chegar a entrevistas de emprego tenho que mencionar que preciso de algumas horas para poder buscar minha filha na creche, passar pelo descomforto de ter que me expor nas entrevistas e saber que tal situação pode custar minha chance de um novo emprego. Mas não mencionar pode custar muito mais caro, custará segundos preciosos com a minha filha.
Meu marido pela primeira vez se deparou com a verdade do machismo na sociedade, e pode apostar que tudo que esperam de mim eu comecei a esperar dele. Outro dia, depois de duas horas tentando acertar nossos horários, ele me olha e me diz: "é... realmente não é fácil ser mulher."
De nós é esperado tudo e mais um pouco, mas ser mãe ainda é a melhor coisa do mundo!
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