quarta-feira, 3 de junho de 2015

Projeto corpo e alma

Pensei em dar o nome projeto verão, projecto pós-parto, projeto emagrecer... mas a verdade é que com a chegada do tempo e a inevitável caída de tudo que antes "era em cima", chegou a hora de pegar pesado: mudar hábitos!

Li num artigo hoje do Business Insider "10 Mudanças de Habito para ser fazer nos 30s", e um dos habitos é o de fazer exercicío regularmente. Há 4 semanas eu venho escrevendo este post, porque há 4 semanas eu comecei a fazer exercícios regularmente, mudei minha dieta e comecei a me livrar de alguns habitos que me faziam muito mal.

Mais um dos meus projetos especiais em ação! Falando nisso o meu "Um Ano Sem Zara" vai bem, obrigada! Este novo vai mais além, e o objetivo é ter o corpo que nunca tive! Nunca fui gorda, com excessão do meu primeiro ano vivendo nos EUA que cheguei a pesar 80kg, mas também nunca fui fit! E estava na hora de adoptar um estilo de vida mais produtivo! Ir a praia de bikini e me sentir bem! Ter pique! Enfim, bom para o corpo e bom para alma!

Então vamos aos números!

Começo do Projeto: 06/04/15
Peso: 73kg
Presente Data e Peso: 02/06/15 - 68kg

Primeiro passo no projeto foi começar a malhar, coisa que NUNCA fiz na vida! Praticava esporte na época de adolescente, mas malhar? Entrei numa academia uma vez e fugi! Eu sei que academia não é para mim, então conversei com uma amiga personal que resolveu me ajudar! Malho duas vezes por semana na casa dela. E não pense que ela é gente boa comigo! Saio de lá quebrada mas feliz!! :)

Entrei numa loja esportiva para comprar um tenis, meu primeiro par em pelo menos 15 anos. Saio para caminhar todos os dias por pelo menos 40 minutos, e quando estou com coragem dou uma corridinha. Comprei também um case daqueles de colocar o telefone no braço enquanto você caminha/corre, e lá vou eu toda feliz! Para dar uma ajuda extra, resolvi baixar um aplicativo que é praticamente um personal trainner gratis! E existem vários desse tipo! Tem para quem gosta de Yoga, quem gosta de peso, para quem quer perder barriga, dar um jeito na postura. E grátis! Um dos meus apps favoritos é este:



Claro que nada como uma personal trainer fazendo você terminar uma série a base da força! Então uma vez por semena tenho aula com uma amiga minha que me deixa moída e morta com farofa! Mas se você é mais dedicada do que eu, e consegue se auto-motivar o mundo digital te deixa sarada de graça!

Uma das coisas que comecei a fazer também é dieta. Nunca na vida fiz dieta. Nunca comi feito louca, mas também nunca prestei muita atenção no que como. Até a gravidez! E o habito segue agora, mais regrado e tenho que dizer que me sinto muito melhor! Não sou fanática como certas pessoas, mas sim comecei a prestar atenção na quantidade de calorias que estou ingerindo diariamente, e coisas do tipo.

Minha amiga louca personal me passou uma dietinha leve, mas é tão doida que tenho que mandar foto do que estou comendo para ela! Ela acaba comigo, mas me ama! Ter a quem responder dá mais seriedade as coisas que fazemos, e consequentemente gera resultados. Só não vale ficar chateada com a amiga na hora da bronca!! Faz parte do caminho para se chegar a um objetivo!

Já são quase dois meses desse meu projeto saúde e tem me ajudado muito não só fisicamente, mas também a lidar com o estresse e com a auto-estima. Coloquei na cabeça que estaria melhor preparada para uma segunda gravidez e que era momento de ser uma pessoa melhor em todos os sentidos para servir de exemplo para a minha pequena.

E vamos que vamos!! Perdendo todo aquele peso extra da gravidez!!! Mês que vem tem mais notícias sobre essa jornada pessoal! E dicas para quem quer entrar na onda também! :)



sábado, 30 de maio de 2015

Quebra-cabeça da vida

Desde que comecei o trabalho novo ainda não tive tempo de postar nada decente aqui no blog. Já escrevi vários posts que ficam presos na caixa de rascunhos porque literalmente são só palavras sem anexo, que levam o texto a lugar nenhum. Foi então que percebi que existe algo muito errado acontecendo.

A história começa com o fim da licença maternidade e a volta a um escritório completamente desorganizado e sem futuro. Era hora de uma mudança! E sim, eu estava certa, estava na hora de mudar, mas o medo me impediu de buscar algo que eu realmente gostasse fazer. Agora com um bebê, vivendo em um país estranho, sem ajuda dos pais que moram do outro lado do oceano... eu optei pela estabilidade. Encontrei outro trabalho super rápido, que pagava mais, as horas negociadas (saindo duas vezes na semana as 15h para estar com a minha filha), possibilidade de trabalhar desde casa quando necessário. Parecia tudo muito bom para ser verdade.

E o teste de fogo veio agora! Minha filha doente, a creche não podendo ficar com ela, meus pais no Brasil e os do meu marido há 3 horas de viagem daqui, tivemos que nos virar. Alternando os dias em ficar com a Lee em casa, e contamos com a compreensão de nossos chefes. Ele recebeu total apoio do trabalho dele, e eu? Lembra da chefe gente boa que era super flexível? Pois é, não sei onde ela foi parar. Ela fez da minha vida um inferno esta semana. Cheguei ao ponto de agora estar acordada e preocupada com o estado febril da pequena, e o medo de ter que ligar para ela de manhã e dizer: desculpa, ela ainda está com febre, não posso ir trabalhar.

Sim, minha filha é mais importante do que meu trabalho. Não, sem trabalho não temos como pagar as contas. Como encontrar o equilibrio? O desespero foi batendo, comecei a procurar na net "trabalho para mães", buscando algo que me dê esperança de encontrar o caminho de como ser uma mãe que trabalha. No nosso caso o agravante é que não tem avós por perto para ajudar, e tão pouco dá para pagar babá. E aí?

Além de tudo, estou gripada. Garganta inflamada, febre, mas não me atrevo pedir o dia livre por motivo de doença, porque quero guardar estes dias para cuidar da Lee quando ela estiver mal. Então tomo um bom chá, um bom analgésico e assim a gente vai levando.

Por outro lado sinto que é Deus me empurrando para fazer o que realmente gosto de fazer. Abraçar meu dom e confiar que tudo vai dar certo. As dúvidas, porém, são aterrorizantes. A falta de fé bate, e como sempre vou em encolhendo no cantinho do que é mais cômodo. Só que esse cantinho esta ficando cada vez mais pequeno e o momento da decisão vai chegar.

Não sou a única nessa encruzilhada. Somos milhares de mães que estão dispostas a sacrificar carreira, tempo, e até saúde pelo bem dos seus filhos. A vocês, guerreiras de todos os dias, meu total respeito e admiração. Hoje é um dia (uma noite, no meu caso) onde não vejo mais além, onde a preocupação com o meu futuro e o futuro dela toma conta de mim. Mas em algum lugar dessa alma medrosa existe uma faísca de fé que só precisa de um pouco de oxigênio para virar chama e me dar forças para mais um dia. Então, hora de respirar fundo para deixar esse oxigênio entrar!

*Just breathe*

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Primeiro Filho e a pouca memoria do telefone

*** 3h da manhã. A pequena gripada e eu tb. Ela voltou a dormir. Eu, não.***

Uma vez olhando os albúms de família, percebi que eu tinha 3 albúms completamente dedicados a mim - a primogênita - e apenas um para o meu irmão. Ao interrogar a minha mãe sobre o fato, ela me explicou que com o primeiro filho, como tudo é novo para os pais, existe a vontade de guardar cada momento. Com o segundo, estão menos preocupados em guardar fisicamente essas memórias, porém mais preocupados em vivenciar cada segundo, porque o tempo passa muito rápido. 

E aqui estou eu, com um pequeno problema da era digital: não tem espaço nos cartões de memória nem da camêra, nem do celular, nem do computador...de tanta foto e vídeo da Lee. Meu medo era perder todo esse histórico, e foi então que uma amiga sugeriu criar uma conta de Gmail para a Lee e mandar tudo isso para ela com histórias. E que quando ela crescesse tivesse acesso a tal conta. 

Criei uma conta para ela e desde então resolvi o problema de memória dos aparelhos! Primeiro, porque há limitação de quantas fotos se pode mandar a cada email. Segundo, porque cada email vem acompanhado de alguma história, te faz pensar em quais fotos/videos guardar ou não. Terceiro, por ter acesso a conta, eu tenho sempre as fotos em mãos quando preciso. 

Claro que por essas razões existem albúms no Facebook e no Instagram  - que TAMBÉM uso - não só de likes vive o homem, minha gente! Essas ferramentas podem ser usadas como Nuvens de Armazenamento de dados! E para aqueles que como eu gostam ainda de ter fotos físicas, existem inúmeros serviços que acessam essas contas, "revelam" essas fotos, e entregam em casa! :) Como por exemplo: Shutterfly, Snapfish, uniko, etc.  

Como aqui em casa, tanto eu como meu marido trabalhamos com HighTech, além de todos esses serviços de nuvem e o email, também temos 5 external hardrives, cada um com um tera de memória...porque somos exagerados assim! 

Fotografia para mim é algo que nos transporta a tempos que não voltam mais. Por isso, pode me chamar de maníaca, mas prezo pela preservação da história da família, especialmente quando se é uma expatriada como eu! :) 

Stewie veio reclamar que a luz esta incomodando ele, LITERALMENTE! Apaguei a luz e ele voltou para a cama dele para dormir. Acho que vou fazer o mesmo! 



Para fechar, fica a dica GRÁTIS de como preservar todas aquelas milhares de fotos dos pequenos no celular: crie um Gmail para eles! Não sei se daqui há alguns anos as pessoas ainda usaram email, mas pelo menos fica tudo organizado num lugar só, e o mais importante é que ficam "resgatáveis". 

Beijos!!!  



quinta-feira, 2 de abril de 2015

A correria nossa de cada dia!

E aconteceu o que algumas mamães tinham me avisado que aconteceria.... voltei da licença maternidade e não consigo me encontrar no trabalho. Na verdade, NESTE, trabalho. O clima no escritório já não estava lá grandes coisas antes da minha licença, a vontade de procurar outro emprego já exisita e só fiquei porque não queria perder os direitos que eu tinha como gestante e no pós-parto.

Durante a licença maternidade eu aproveitei cada segundo com a minha bebê. Me diverti muito, saia com ela, viajamos, comecei novos projetos pessoais, e estava muito feliz da vida. Sabia que a farra chegaria ao fim, e que teria que voltar para um lugar onde eu já estava descontente. Veio a dúvida: paro de trabalhar? Continuo a trabalhar mas em ourto lugar? Fico nesse emprego e aproveito as horas que eles me dão para sair cedo e ficar com a pequena.

Agora, um mês de volta a este hospício, cheguei a conclusão: não dá para parar de trabalhar (não estamos podendo) e também não dá mais para continuar aqui. A diferença é que se antes eu saltava na primeira oportunidade de fazer algo novo, agora com a Lee na equação tudo ganha uma nova perspectiva.

Vivo o dilema de toda mãe que trabalha fora de casa: Dinheiro x Tempo x Custo de vida x Vida em família. Como conciliar? Como encontrar o equilibrio? E não só isso, como mulher temos que trabalhar o dobro para provar que somos capazes, eficazes e tão profissionais quantos os homens. Como fazer quando a sociedade não evoluiu com o tempo?

Por um lado preciso trabalhar, por outro preciso cuidar da familia. Algo muito interessante aconteceu esses dias. Aqui em Israel a páscoa é semana que vem. Apesar de ser feriado para as escolas e creches, são dias de trabalho normal para adultos responsáveis como nós. O seguinte cenário se apresentou: como vamos fazer com a bebê? Não tem ninguém perto para ajudar, e pagar babá full time esta fora de cogitação.

Meu marido - uma pessoa mente aberta, sensível - vira e me pergunta se tem como eu trabalhar de casa. Levei o pedido ao todo-poderoso chefe e depois de MUITA negociação, consegui trabalhar de casa UM misero dia. Porém, melhor que nada...

- Amor, olha consegui um dia só. Vê o que você consegue por ai.

- Consegui um dia só... não tem como você conseguir mais um dia? -- Ele me responde depois de 15 MINUTOS! Eu levei 4 DIAS negociando com meu chefe, ele conseguiu em 15 minutos!

Ora, por que seria mais fácil para mim conseguir mais dias livres do que ele? E se essa é a lógica, como é que ele conseguiu uma resposta mais rápido do que eu? Fiz essas duas mesmíssimas perguntas a ele que ficou mudo. Não sabia a resposta, até que arriscou um "Ah! Porque você é mãe!". O Machismo afeta os dois lados da moeda, então meu esposo tem menos chances de conseguir dias livres porque "filho precisa da mãe mais do que do pai".


Ao chegar a entrevistas de emprego tenho que mencionar que preciso de algumas horas para poder buscar minha filha na creche, passar pelo descomforto de ter que me expor nas entrevistas e saber que tal situação pode custar minha chance de um novo emprego. Mas não mencionar pode custar muito mais caro, custará segundos preciosos com a minha filha.

Meu marido pela primeira vez se deparou com a verdade do machismo na sociedade, e pode apostar que tudo que esperam de mim eu comecei a esperar dele. Outro dia, depois de duas horas tentando acertar nossos horários, ele me olha e me diz: "é... realmente não é fácil ser mulher."

De nós é esperado tudo e mais um pouco, mas ser mãe ainda é a melhor coisa do mundo!

quinta-feira, 19 de março de 2015

5 - 9


5h: Acordar, tomar banho, escovar os dentes, e fazer o cabelo.

5:30h: Se vestir, o que praticamente significa que não gostei da roupa que escolhi no dia anterior e que a roupa PERFEITA está no fundo do armario, debaixo de todas as outras roupas menos perfeitas!

5:45: Começar a me maquiar...

5:50h: A Lee acorda, hora de alimentar a pequena -- Um olho maquiado decentemente e o outro parecendo um guaxim.

6h: CORRERIA! Levar o Stewie para dar uma volta...de 5 minutos!

6:10h: Ultima olhada no espelho, calçar o sapato e correr para o ponto de ônibus.

6:20: No ônibus, respondendo emails do celular, mandando instruções para o marido, checando a conta de banco (desespero momentâneo), e lendo as notícias.

7h - 15:30: No escritório, reuniões (muitas inuteis), emails (Spam, spam, spam, um que presta, lista de To Do do chefe sem noção, spam, mais um para a lista de To Do), reunião diária com o chefe e suas ideias mirabolantes, escutar desabafo dos colegas, mais reuniões, e acabou o dia.

15:30h: Correr para o ponto de ônibus

16h: No ônibus a caminho da creche para buscar a pequena. Mesma rotina da manhã: emails, Facebook, ligar de volta para quem não pude atender durante o dia, Pensando no jantar.

16:40: Chego na creche, pego a Lee e vamos caminhando para casa.

17h: Chegando em casa, trocar a Lee, colocar ela para brincar um pouco enquanto varro a casa, tiro pó, passo pano e lavo a louça do dia anterior, tudo entre uma reclamação e outra dela.

17:30h: Levar o Stewie para passear com a Lee.

18h: Dar comida para Lee e começar a preparar o jantar.

18:30h: Marido chega, brinca com ela enquanto me conta como foi o dia e as panelas no fogo, e colocando as roupas para lavar



19h: Banho na Lee

19:30h: Ultima mamadeira do dia e colocar a Lee para dormir.

20h: Sentar para jantar com o marido, enquanto vemos as notícias e conversamos sobre o mundo cão. Uma hora para relxar, rir, tomar um vinho ... enquanto ele vai tirar as roupas da maquina de lavar.

21h: Coma profundo.

Mal posso esperar para ter o segundo filho.... quando a Lee já estiver na faculdade e eu aposentada.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Instruções, com foto

Voltei a trabalhar e chegou o momento do que eu gosto de chamar: "jogo do calendário". Sim, eu e me marido somos do tipo que fazemos eventos no iCalendar e mandamos convite um para outro, se não o meio de campo embola.
Então, com a minha volta ao trabalho fica assim: ele deixa a Lee na creche e eu busco. Esta semana, excepcionalmente, eu levo e ele busca. Marido tá em casa "muito doente" com 37 graus de febre...

Ontem, foi o primeiro dia. Chego em casa esbaforida porque praticamente corri do ponto de ônibus até o prédio e subi 4 andares de escada, porque eu gosto de sofrer e ansiosa para ver a carinha da Lilica!! Chego e meu marido esta todo bonitinho dando maçã para ela e ela toda feliz. Lindo! Até que vi que estava faltando meia, casaco, e lembrei que não tinha visto a capa de chuva do carrinho quando passei correndo por ele na entrada do prédio. 

Pra variar, pergunto onde estão as coisas e ele me faz aquela Cara de Marido, de tipo, não tenho ideia do que se tratam essas palavras saindo da sua boca!



Tava cansada e decidi que ia ficar para o dia seguinte porque ainda tinha que dar banho na Lee, amamentar, colocar ela pra dormir, cozinhar, tomar banho, estudar e, em algum ponto da noite dormir. Comecei a delegar igual faço no trabalho porque não tem como fazer tudo ao mesmo tempo. Você faz isso, eu faço aquilo, uma mão lava a outra e as duas lavam a cara. 

Hoje, resolvi fotografar e mandar instruções claras do que ele tinha que fazer e se lembrar. Meu marido é ótimo arrumando as contas e burocracia, mas completamente perdido quando se trata da filha. É igual colocar um gato dentro da máquina de lavar roupa. 


Para não ver esta mesmíssima cara hoje, resolvi deixar instruções para o
Marido, com fotos: 


"Oi amor! Isso era o que ela estava vestindo quando foi pra a creche. Por favor, certifique-se que ela volte com tudo para a casa" -- foto dapequena.

"Quando você voltar com ela, por favor, cubra o carrinho se não o gato de rua vai pensar que é cama para ele. O lençol que uso para cobrir o carrinho está na parte de baixo. Cubra deste jeito: .... "  


E o resto foi algo do tipo: cadê a capa de chuva do carrinho, pergunta na creche se está lá, porque se você deixou no carrinho... Já era! Alguém robou. Não o culpei, deixei ele pensar numa resposta convincente caso ele realmente tivesse deixado a capa dando mole na entrada do prédio. Fiz isso porque eu amo ele e não quero passar o resto da minha vida na cadeia por homicídio doloso. 

Estou a caminho de casa agora, depois de uma longa jornada de trabalho. Ansiosa para ver a minha pequena com todas as suas peças de roupa e a capa de chuva do carrinho! 

Se hoje as instruções deram certo, amanhã a gente repete o mesmo esquema e isso se chama casamento. 

quarta-feira, 11 de março de 2015

Então separa.

Todo mundo sabe que casais brigam e passam por períodos de crises conjugais. Isso é normal, se até irmãos brigam, imagine duas pessoas que vieram de mundos completamente diferentes? Imagine então uma família multi-cultural como a nossa? Não é fácil.

No nosso primeiro ano de casamento tivemos uma daquelas crises conjugais de cunho existencial, sabe como é? Aquelas brigam onde o futuro do casal é definido. Passamos semanas sem nos falar, meses sem nos tocarmos, e muita briga no meio tempo. Veio a pergunta: erramos?!

Algumas amigas, com certeza bem intencionadas diziam: "se esta infeliz por que vocês não se separam?". Como se a vida fosse simples assim. Os problemas nem sempre matam o amor e uma vez casados a nossa obrigação é seguir tentando e esgotar todas as possibilidades de reconciliação. Eu não estava sofrendo nenhum tipo de abuso ou nada do tipo. Os problemas eram de natureza cultural e por falta de comunicação. Então, apesar dos bem intencionados conselhos, eu resolvi tentar.

O primeiro passo foi conversar. O básico. Para ver se ainda havia algo em incomum a ser resgatado. Conversamos por muitas horas. Um dia inteiro trancados em casa, telefone, TV, computador, tudo desligado e só nós. Tinha a hora do choro, a hora do silêncio, a hora de jogar a culpa no outro, a hora de dizer tudo que pensava mas não falava, e a hora de se abraçar. Para os homens não é tão fácil se expressar como para nós mulheres, e para nós não é tão fácil "só deixar pra lá". O desafio estava em encontrar o meio termo entre: conversar as coisas que tinham que ser conversadas, e deixar pra lá as coisas que tinham que morrer.

E depois daquele dia inteiro e meses de trocar farpas, decidimos que realmente tínhamos chegado ao fim. Cada um ia seguir com a sua vida e muito obrigada. Para mim a mudança era mais extrema. Isto significava voltar para o Brasil, deixar para atrás a vida que tinha construído em Israel e tudo mais. Cada um foi para um quarto separado e assim estivemos por algumas semanas enquanto eu iria organizar minhas coisas para voltar para o Brasil.

Ele tinha vergonha de falar para a família dele.

Eu disse tudo para a minha.

E assim, vivendo como companheiros de apartamento, nos reencontramos. Deixamos tudo acontecer mais naturalmente ao invés de forçar conversas. Ao poucos, com o passar dos dias fomos resolvendo um problema de cada vez, um desentendimento de cada vez e nesse passo aprendemos a nos comunicar. A comunicação que ia além dos idiomas que falávamos. Aprendemos a respeitar o ritmo um do outro. Renovamos os votos, e seguimos em frente.Demorou, e ainda estamos no processo e estaremos nesse processo pelo resto das nossas vidas.

Quando converso com as amigas solteiras que estão buscando por um companheiro -- já quero dizer que tenho amigas que não querem casar nunca e apoio a decisão delas! Ninguém precisa casar para ser feliz. -- sempre vejo a expectativa de algo que pode não existir. A paixão aproxima, mas o amor e o respeito é que faz um relacionamento durar. Respeito e amor que são construídos e fortalecidos no dia a dia, com os problemas e as alegrias dessa vida.

Nunca é fácil, os filhos veem e ai é que o meio de campo embola ainda mais! "Eu cresci assim", "Eu cresci assado", "Dessa forma é melhor", e muitos outros assuntos de discórdia. De repente "Você culpa seus pais por tudo, isso é um absurdo. São crianças como você" de "Pais e filhos" do Legião Urbana faz MUITO mais sentido. Com filhos deixamos o ego de lado e pensamos no bem comum, então por que tanta briga? Com cada assunto temos que lembrar um ao outro que o objetivo é dar o melhor para a nossa filha, e assim os ânimos se acalmam.

Nós LITERALMENTE estabelecemos as regras antes de entrar em qualquer discussão agora. Quando o assunto começa a ficar mais intenso é a hora de dar uma pausa e relembrar as regras. Isso faz com que a briga seja limpa e justa. Discordar não é o problema, atacar e culpar sim. Algumas das nossas regras (Eu sei, parece surreal, mas funciona aqui em casa!):

- Não trazer à tona o passado; magoas antigas não ganham discussão alguma, só criam novas feridas
- Sem grito
- Sem sarcasmo
- Sem insultos


Acredito que hoje nos "encontramos" de vez e voltamos à Lua de Mel!

Espera... não! Falei cedo demais...

*** Marriage Under Construction***